domingo, 29 de agosto de 2010

Um Prazer.

Eu toco guitarra.
Não como eu quero,
mas toco.
E é exatamente aí que eu quero permanecer,
no
tocar guitarra.
Me satisfaço fazendo isso,
apenas aproveitando
o momento e deixando algumas notas falarem
ao invés das minhas palavras 
tão chatas, escassas e obsoletas.


A minha vontade,
falando de guitarras é,
tocar guitarra.


Sozinho é melhor,
até agora tem sido.
Sozinho eu vou além e
toco igual aos meus ídolos.
Dentro da minha cabeça é claro.


Também tenho a vontade de fazer shows.
Quem diria.
Mas é! 
Não para ser famoso, ter mulheres, usar drogas,
dinheiro, um jato ou um cão - isso tudo seria muito bom-
mas o que me atrai
é a distância que
se estabelece entre quem está no palco
e quem não está.


A responsabilidade seria imensa, e 
tenho medo de não dar conta.
Mas isso não me desanima.
O que me desanima é eu ter de fazer
muitas coisas que eu não quero 
para chegar perto do que eu quero.


Fico pensando.
Quantas noites os meus prediletos acabaram
dormindo, com suas guitarras em suas
barrigas, em pequenos quartos pobres
e acordando de ressaca.


E no dia seguinte eu também acordo,
vou para a escola e quando chego em casa
venho para o meu quarto e
troco um olhar com ela,
que sempre está ali me esperando,
segura pelo pescoço.
Me faço de indiferente e penso:
Hey, hoje não. Agora não.


Me dói um pouco,
mas é necessario.
Porque assim como na escrita
eu não escolho as notas e sim os dias 
e as situações
pra tentar fugir de mim.

sábado, 28 de agosto de 2010

As vezes

eu me sinto tão down.
Por mais que eu faça,
tudo, o que eu sempre quis fazer,
eu continuo com essa melancolia
que eu penso ser chata,
mas faz bem.

E nessas horas
tudo o que há para fazer é
me esconder ou desistir.
Lutar já tentei,
entender também e fugir é sempre a primeira opção
porque como eu já disse
prefiro as situações cômodas doídas, do que
tentar
causar uma revolução.

Não pretendo continuar assim
a vida toda,
isso atrapalha e muitas vezes
dói.
Estar frente a frente com seus amigos e
não ter nada para dizer.
Apenas ficar olhando para dentro de si,
e confrontar-se com o que está fazendo.
Olhar para dentro de si
e confrontar-se com o que está fazendo.
E saber que não precisa ser assim,
que você já foi, ou no fundo, é diferente.

Talvez isso seja apenas uma das muitas maneiras
de ver o mundo, ou um dos muitos meios de evoluir como
pessoa.
Não seria melhor escolhermos um momento de nossa insignificante
vida e
decidirmos por nós mesmos permanecermos
estáticos por estarmos satisfeitos com
tudo?
Talvez não, por que a imortalidade seria
muito mais down do que
tudo isso.
Afinal já dizia Charles
"Não há nada pior do que dormir com uma rapariga que já não queres comer."

Cada um vive o seu inferno, da pior maneira
no pior lugar.
Com as pessoas a sua volta
o tempo todo
perguntando, respondendo,
querendo o que você tem, como
tubarões que ao verem o menor pedaço
de pessoa
desprotegido,
atacam com a piedade já
extinta de suas cabeças.

Não há fuga.
Nem solução.
Vou continuar assim
e ver o que acontece,
as vezes.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Alguém

Alguém bem assim.
isso! Exatamente assim.
Porque se ela não for assim
nada vai dar certo
nada encaixa
tudo discorda, tudo discute.

Enquanto você procura
com um alto nível de exigência para cada
característica de personalidade
bolso, credo, roupa, cão, chicletes,
drogas, músicas, livros e o que mais surgir na sua cabeça,
eu não procuro.

Eu vou deixando surgir, e dizendo sim e não as vezes
no modo aleatório as vezes
propositalmente ligado.

E quando eu deveria ter dito
sim, mas disse não,
e também quando eu deveria ter dito
não, mas disse sim,
as vezes eu ligo o modo aleatório para a
opção humor.

O modo aleatório nos poupa de
grandes esforços.
Mas quando quem surgiu foi
o alguém, aquele alguém,
não existe modo aleatório para poupar
qualquer pessoa
de qualquer esforço.
Não existe, porque não há
o que poupar.

domingo, 22 de agosto de 2010

O ignoro do taxista.

Esqueceram de mim
literalmente, e em uma situação um tanto quanto
estranha.
É verdade que eu havia
bebido demais, mas nada explica o
abandono de que fui vítima.
Quando dei por mim eu já havia dormido umas...
nem sei quantas horas.
Abri os olhos para procurar alguém e
ali estava eu completamente atordoado
e sozinho. Esqueceram de mim, assim como
eu me esqueço deles e
de mim.

Isso não se faz.
E como voltar pra casa
foi o que surgiu como teste final da noite.
Uma caminhada de...
nem sei quantas horas,
estava pela frente, junto ao frio,
ao escuro, a insegurança e a solidão.

É bom beber e não conseguir lembrar de tudo no dia seguinte.
Quando isso acontece eu carrego um peixe-boi na minha consciência.
Mas quando eu lembro de tudo,
que eu não consegui me controlar em
momento algum, que
eu perdi as estribeiras mais uma vez e
toquei o foda-se mais uma vez
eu me fodo e me deprimo mais uma vez.

Acho que a noite de ontem
serviu
para me mostrar que a
solidão
assusta.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Creep

Hoje eu caminhei o dia inteiro
participei do ritual
conversei
visitei amigos
visitei inimigos
e no final da noite
me sinto como um
cão.
Um cão deprimido
que sente falta de uns cigarros
que sente falta de um bom final dum livro
sente falta de uma mulher que já teve
sente falta do pai que viaja, mas quando voltar vai continuar sentindo a falta dele
sinto falta de amigos que me façam chorar.
Sinto falta de chorar
acho que estou carregado, 
de pesos e sacos cheios
de tanta gente próxima
que não tenho a coragem suficiente para dobrar meus joelhos,
pois estamos correndo nos mesmos velhos campos
e esses que correm comigo
não percebem que as vezes
eu não corro com eles.
Embora eu sempre quisesse.

But I'm a creep,
I'm a weirdo
What the hell am I doin' here?
I don't belong here.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

5 motivos para você gostar de Ponta Grossa

1- é uma cidade maior que Pitatuba - SC.
2- é possível andar de carrinho de rolimã até na avenida principal, pois esta, também é uma descida.
3- você sempre encontra uma ou outra pessoa bonita no meio de muitas.
4- As vezes conseguimos experimentar as 4 estações do ano em algumas horas.
5- Era uma cidade reconhecida mundialmente pelo único monumento que reproduzia um cocô.

domingo, 15 de agosto de 2010

Mais uma noite fria

Até quando eu tratava mal, eu
não conseguia ficar sozinho.
O que era completamente injusto pois eu
fazia por merecer.
Eu tentava, mas a perseguição era implacável.
a cada passo que eu dava, a cada cadeira que eu sentava
ela aparecia, com todas as suas palavras
sem graça e extremamente repugnantes.
Eu precisei de um cálice.

Não sei se a bebida tornou isso insuportável
ou se
o insuportável foi suportado pela bebida.
Meus cigarros acabaram
várias vezes
e o meu único companheiro de verdade
era o frio
e o tempo.
Outro estava por comparecer.

A música
fiel esposa, estava lá, assim como,
não esteve em vários momentos.
Mas ela foi fiel, porque eu precisei dela
e quando eu fui a sua procura
encontrei-a vestida em um traje quase de gala,
lembrando muito a época em que
eu deveria ter nascido.
E me embalou, e aumentou a minha embriaguez.

No final das contas,
tudo isso foi de grande proveito.
Descobri mais uma vez,
reforcei o que eu já sabia e
quase conclui que
eu me sinto diferente,
deslocado, inanimado,
a maioria das vezes.
Pessoas me olhavam com olhos
de pedra, sem ver o que se passava.
Ou vendo, mas não me deixando.

Cada vez que passo por um frio desses,
eu vivo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Caminhadas

Chego em casa, cumprimento uma pessoa conhecida,
mas se a porta estiver trancada é melhor.
Se existe a chamada
consciência alterada é porque existe um padrão.
Um padrão, desses que tentam colocar em todas as coisas,
em tudo o que acontece. Classificar.
Classificar e imprimir padrões, é algo humano,
desumano.
Talvez seja uma necessidade que existe dentro dos animais (humanos ou não).
Neste exato momento, eu estou classificando, você está se
baseando em padrões.

Uma pessoa que sai de casa carregando
algo, é diferente de uma outra que carrega algo diferente,
e diferente de outra que, não carrega.

Percebem a necessidade? A vontade de dividir, e nunca de
unir.
Até mesmo quando tentamos unir o que nos convém,
acabamos tentando nos desprender de determinado grupo que
não nos convém. Ou apenas que não nos satisfaz, ou apenas que não queremos
ser iguais ou apenas
parecer.

Quando uma consciência está alterada, e aliada a uma
personalidade que
tem algo de incrível,
é aí que o
incrível,
acontece.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dois pais.

Me acordam as 9 quando eu deveria acordar as 11.
É assim quase todo dia. Mas hoje havia um motivo real.
havia? é, digamos que sim.
Eu tinha que entregar os presentes do dia dos pais.
E lá fui eu, lavar o rosto e entregar os benditos, de pijama mesmo.
Por sinal, o presente era um pijama.

Lavo meu rosto, enxugo-me, recebo aquele pacote prateado que eu jamais havia visto,
caminho para a cozinha e...tcharam!
Parentes. Muitos deles.
É quase como levar um tiro de uma calibre 22 no meio do cu.
Nessa hora, muita calma. Muita calma, nessa hora.

E que cara eu faço? Puta situação maluca.
Acabei de acordar com um humor de ditador, e
não me dão tempo nem de me recompor.
Tudo bem, superei.

Entreguei os presentes para o meu stepfather
com muita satisfação, apesar de tudo.
Me senti bem, realmente. Dei-lhe um abraço que me satisfez.
Da parte dele já não sei. Enfim o meu dia dos pais
havia começado.

Mais gente chegando para nos tirar um pouco mais da nossa
preciosíssima e insubstituivel
privacidade.
Mas, se é isso que lhes da prazer,
vamos brincar de pessoas agradáveis. O que por sinal,
eu sempre fui craque, mas de uns tempos pra cá,
a coisa tem ficado complicada. Crises existenciais quem sabe.
ha ha.

E dessa maneira, nesse jogo de empurra, e
dever social, o dia 8 de agosto foi se esvaindo, segundo a segundo.
O meu preciosíssimo e insubstituível
tempo.
Mas ainda havia um gigante a confrontar, talvez um dos maiores.
Talvez o motivo de muitos desajustes e desconfigurações repentinas no meu
humor.

Quando já chegavam as vigésimas primeiras do dia
minha mãe veio, com cuidado para não me cutucar com vara curta bem em cima da minha
ferida,
e disse: filho, não vai ligar?
Liguei,- escondido como sempre - com os mesmos sentimentos extremamente confusos que
aparecem toda vez que eu tenho que fazer essa ligação.

Enquanto eu estava no meio da ligação, eu olhava as pombas,
as janelas dos vizinhos, se ia chover ou não, procurava o resultado do jogo.
Não que eu quisesse estar agindo assim. Tudo poderia ser
diferente.
A ligação acabando, me senti mal.
Ele estava mal. O resto de
empatia - se é que é isto
-deu as caras.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quadrado injusto.

Era um cara que se chamava Eliano.
Eliano andava sempre com suas botas pretas,
mas certo dia perdeu-se no vazio.
enquanto Eliano tentava encontrar-se
conheceu uma garota chamada Adélia.
Adélia usava um laço verde,
mas certo dia perdeu-se no vazio.
enquanto Adélia tentava encontrar-se
conheceu uma criança chamada Solano.
Solano usava um boné marrom,
mas certo dia, perdeu-se no vazio.
enquanto Solano tentava encontrar-se
conheceu um homem chamado Eduardo.
Eduardo usava uma corrente prata,
mas certo dia perdeu-se no vazio

Lá ele encontrou um par de botas pretas
e procurou o dono, que era Eliano.
Eduardo devolveu as botas de Eliano.
Eliano estava caminhando e encontrou um laço verde
e procurou o dono, que era Adélia.
Eliano devolveu o laço para Adélia.
Adélia estava caminhando e encontrou um boné marrom
e procurou o dono, que era Solano.
Adélia devolveu o boné para Solano.
Solano estava caminhando e encontrou uma corrente prata
e colocou no pescoço e foi para casa.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fim das ilusões

Estou ficando cada vez mais tenso.
Talvez aquela semana, que cada pessoa
passa por uma em sua vida, esteja chegando.
Sinto que ela está perto, e que provavelmente eu
não saberei o que fazer quando ela chegar.
Talvez nem perceba que ela passou por mim.

Ela vai ser como as outras em alguns aspectos.
7 dias, 168 horas, 10080 minutos, 604800 segundos.
Se a cada dia eu tiver uma oportunidade ao menos,
e a cada oportunidade eu tiver um dia ao menos
para decidir algo.

Realmente,
é a semana onde se diferem os homens dos meninos.
Mas depois de alguns anos, a vontade de ser menino sempre volta,
é incrível.
E quando agente era menino a vontade de ser homem sempre foi grande,
pois queremos tanto tomar as nossas próprias decisões
e a cada dia que passa a partir dos 16
as cobranças mudam de forma a nos deixar completamente atordoados.
As pessoas passam a ser chatas, os pais a serem agiotas,
crescem peitos nas mulheres, a noção de dinheiro muda,
suas roupas ficam velhas muito rápido.
E isso nunca vai mudar, não importa quantos 16 você faça.

A semana vai vir.
Contendo desejos, surpresas, fúria, dores,
quem sabe novos amigos, a porra do emprego,
quem sabe o diploma, mais cachaça,
quem sabe as ruas e praças, um cão,
quem sabe aquela garota, a empatia que falta a nós e nossos pais
quem sabe a paz de espírito...

Mas, o tempo, ainda é a nossa cruz.