sábado, 31 de julho de 2010

Endorfina, Nietzche e mais blá blá blá

Algo tem tomado conta de mim.
Faz as pernas tremerem, se não as pernas os dedos.
Coração acelera. Começa a bater de acordo com o ritmo que a cabeça impõem.
Ou sempre foi assim, e agora começou a parecer o contrario.
O coração quer que eu preste mais atenção, de mais atenção.
Coisas que eu não tenho sobrando,
nem coração nem atenção.
O que tem tomado conta de mim
parece ser uma euphoria
estática (a não ser pelas pernas e dedos).

Pra quem pensa que eu falo de amor
Eu procuro só a endorfina.
As sensações. O bem-estar.
Nada a longo prazo, isso exige muito
esforço.

Mas eu tenho medo da hora que ele chegar.
Medo que ele me transforme em uma espécie de 
marionete haha.
É sim. Não sou eu que me comando nessa situação
e sim o meu objeto-causa-do-desejo.
Vejam bem! Não é o objeto-desejado!

Isso soa bastante como Nietzche
aquele bigodudo, rabugento e de mal com a vida.




quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cocaína

Eu tento esconder. e as vezes
consigo. Quando eu não consigo o desespero
e a vergonha vêm à cavalo.
Mas como eu não vou esconder esses pensamentos estranhos?
desagradáveis e acima de tudo
chatos,
que assaltam a minha cabeça roubando
tudo o que eu tinha de bom
tudo o que eu quero mostrar (aí é que mora o perigo)
e também as coisas que tornam as situações
agradáveis.

Na verdade na verdade
no fundo no fundo
eu sei que eu não posso esconder nada, todo mundo sabe.
afinal quem se esconde tem culpa no cartório.
mas quem sabe esconder-se bem.
Não. Nesse tipo de situação, não.
Nesses tantos tipos.

Esconder, na minha concepção,
tem um bom tanto de
proteger-se, poupar-se
e quem quer viver assim deveria ficar em casa
escrevendo.

Eu poderia até tentar outras maneiras
outras pessoas, outra família, outra escola,
outras músicas, outros livros, outra guitarra,
uísque, cocaína ou outro corte de cabelo.
Quem sabe é esse o caminho
mas não é bem aí que eu quero chegar
Acho que eu quero chegar naquele lugar que fica entre
esquerda e direita, razão e coração, ciência e religião.

Aonde seria realmente bom chegar?
Talvez àquela presença de espírito que é dom
de pessoas legais.
Tem faltado isso.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Relacionamentos

sem drama.
aceitação tranqüila.
você lá. eu aqui.
hoje não, amanhã talvez, algum dia
com certeza.
o bom nos relacionamentos baseados na indiferença é isso.
saber que está lá, que está acontecendo.
afinal, você iria preferir o cachorro preto ou o bege?
e agente permanece assim, porque é assim.
ninguém se controlando
dessa maneira
a segurança é maior porque não é
necessária.
ninguém é.
existem pessoas que
enquanto não estão no controle
perdem os seus
e os seus
relacionamentos.
demasiado valor dado.
há coisas que, nunca,
nunca mesmo
são necessárias.
procuram pares para encontrarem a mesma
sensação. sentimentos?
sensações. É isso o que eles são.
Mas olha, tenho minhas vontades.
numa noite
em algum quarto
os meus dedos
tocarão
num suave
lindo
cabelo".


sábado, 24 de julho de 2010

?

as duvidas que me afligem
não são aquelas que afligem a maioria
pelo menos, ainda não
não são aquelas do tipo
que dia tenho que pagar tal conta
quando vou conseguir comprar uma casa nova
uma mulher nova
ou até mesmo um
cão.
prefiro me perder nos pensamentos do tipo
que não agradam muita gente
que pertencem somente a mim
por isso
muitas vezes imagino uma conversa
meia hora antes de realmente acontecer.
nunca sai como o imaginado.
isso torna as situações divertidas e as vezes inaceitáveis
ontem conheci algumas pessoas
que imaginava estar com elas há muito tempo
foi muito diferente
do que eu imaginei
os fins não justificaram os meios em momento algum
mas foram bons.
bastante
por sinal.
eu ia falar do que mesmo?
a sim. dúvidas.
as dúvidas nos encontram a cada esquina nova da nossa vida
e surgem como um
filho da puta que quer seu tempo
não perco tempo com esses
que ficam perguntando
asquerosos controladores
necessitam da minha palavra
quando tento por tudo ficar em
silêncio.
e ainda por cima
continuam a aparecer dúvidas
cada vez mais
apenas tento o silêncio e a indiferença.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Casualidades.

Encontro na rua uma pessoa
que preciso dela
para uma vontade que eu acho ser
importante.
O encontro foi brusco
nossas vibrações começaram a lutar dentro de nós
na esquina.
Ele estava acompanhado
não me importei
mesmo.

e o que foi que eu fiz;
digo-lhes
cumprimentei-o tremendo
raiva, repulsa, inveja,
parecia medo
pode até se-lo

não troquei mais palavras
não consegui nada
quando me dei conta tinha feito uma grande besteira
um erro gravíssimo
me perseguiu o dia todo
todo mesmo

na quadra anterior
deveria ter continuado
reto
ao invés de decidir pela esquerda.


terça-feira, 20 de julho de 2010

Velhura

Quando eu ficar velho, vou comprar passagens de um trem que volte.
Que volte o meu corpo saudável. Essa canseira constante não aguento mais.
Que voltem meus bons olhos. Agora sim que entendo melhor as coisas quero enxergar melhor.
Que volte aquela boa memória. É muito chato esquecer o nome das pessoas.
Que voltem os prazeres da carne. Acham que é bom ficar sem sexo por 15 anos?
Que volte o meu velho e forte fígado que me permitia beber a vontade.
Meus pulmões também.
Queria que voltasse a atenção que as pessoas me davam. Não preciso de muita. O suficiente para escutarem o que esse velho diz.
A inocência me faz falta. É muito chato entender as coisas antes que elas aconteçam ou terminem de acontecer.

Quando eu tinha meus 18, tinha muito medo de ficar velho.
e hoje
perdi meu medo
da morte.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Henry Chinaski

E lá estou eu novamente a lutar com as teclas como aquele velho safado fazia. Velho safado, que passou o dia todo conversando comigo como se quisesse me mostrar como as coisas realmente devem ser. Pouca gente gosta dele, eu, estou aprendendo a amá-lo. Os cães ele os considerava como seres que tinham o poder de dez mil deuses. As mulheres de sua vida, essas que não foram poucas, ele as tratava de modo escroto correndo atrás de seus cus , mas com tanto amor(poucas) como se fossem seu coração fora de seu corpo. E o álcool, fiel companheiro de todas as batalhas travadas diariamente. Acho que me identifico com ele pelo fato de termos problemas com pais. Ele precisava botar pra fora o que eu ainda preciso botar pra fora. Ah! e como ele fazia isso muito bem! As angústias e traumas de longas datas começam a aparecer em forma de palavras, ironias, besteiras, putas, cães, laranjas, deus e saias azuis tão bem representadas. Sinceridade sem rodeios. Palavras como uma navalha, prontas para trazer à tona qualquer tipo de sentimento. O que passa na minha cabeça neste momento é como eu posso tirar tudo pra fora dessa maneira tão intensa e sincera. Terei que "foder muitas mulheres bonitas"? "Ser fiel à cerveja"? Quem sabe apenas a troca de algumas palavras com bons amigos com bons ouvidos e um pouco de cerveja de um jeito em meus problemas. Espero. Mas o tempo é a nossa cruz.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Auto crítica

2 dias de blog e ja bate aquela falta de inspiração, aquela coisa de abrir a página pra escrever algo e ficar coçando o queixo e fazendo manha . Vou fazer o que? Esperar brotar alguma inspiração extrasensorial dentro de mim e começar a escrever como alguém condenado a alguma pena, que sente-se obrigado a lutar com o teclado todos os dias? Charles Bukowski lutava com as palavras dentro de si todo dia e falava que sentia necessidade de tirar um bom tanto delas para fora para poder sentir-se melhor, sem falar na cervejinha. Mas eu não consigo ser assim. Não sou dos que procura lutar por tudo. É verdade, sou muito mais atraído pelas situações cômodas que rivalizam o tempo todo dentro da nossa consciência com aquelas que muitas vezes são as "corretas". Podem rotular-me e de qualquer maneira, quem sabe egoísta, preguiçoso, iconoclasta, anti-humano em casos extremos, indiferente em casos mais reais, mas o que fica é que "digo mesmo matem o pai/antes que ele faça/ mais alguém parecido/ comigo."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Campos Elísios


Neste momento, eu deveria estar na minha velha casa de campo, quem sabe caminhando ou procurando frutas. Não na cidade. Na cidade, eu encontro um eco para todos os meus pensamentos, e uma resposta para todas as minhas intensões . Mas no campo, no campo não. No campo eu encontrava como resposta o silêncio. O silêncio foi a resposta que os deuses criaram quando o homem não encontrou nenhuma outra, e cansado de procurar apenas parou e abriu os ouvidos de sua mente. O campo é apenas um atalho para respostas, para o silêncio, para si. Eu deveria estar lá. Não aqui. Aqui eu lembro-me a todo instante de bons momentos que não voltam mais, quando era era mais novo e morava em frente dos campos elísios do mundo. Nesses dias eu costumava sair cedo de casa para caminhar atrás de respostas, e freqüentemente as encontrava sozinho ou perguntando a pessoas desconhecidas que também estavam atrás das suas. Em uma dessas ocasiões encontrei um velho que chamava a minha atenção por ter uma serenidade nos seus gestos que eu nunca havia visto nada parecido. Ele era negro, já não possuía todos os cabelos escuros e constantemente mostrava um sorriso muito branco e acolhedor. Abordei essa criatura com a seguinte pergunta: "Por que as pessoas preferem correr atrás de respostas de perguntas fúteis ao invés de simplesmente esquecerem que essas perguntas existem e se calarem?"
O velho abriu um largo sorriso e respondeu:" Porque me pergunta isso? Perguntas como essa não vão levar-te a lugar algum. Fecha teus olhos ,e dorme meu filho."

quarta-feira, 14 de julho de 2010

coleira

Laura quer sair da casinha
Deseja atirar-se pra fora da casinha
Porque até agora, pelo que me parece
Laura controla-se
Laura controle-se!
Na hora certa, você sai
do jeito certo
com a droga certa
Nos tempos modernos
Laura ataca
tirando tantos para fora da casinha.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Comensal

A vaidade é uma maldita bola de neve
ela, aparece sutilmente
comensal sem ser convidado.
engana, quem quer que seja
e age como um parasita.
parasita maldito.
De modo algum desiste.
De engolir todas as idéias de um individuo.
Em estado avançado,
ela consegue.
Cada pensamento ínfimo que habita
nosso grande gerador de tudo
tem um pingo dessa coisa.
Coisa coisa. Coisa inescrupulosa
desgraça, madrinha dos pecados.
Ela deveria ser algo suicida.
Pena, pois não é,
É, uma bola de neve.
Justo por isso, espero pacientemente
o verão.