segunda-feira, 25 de abril de 2011

Período do saco cheio.

Concursos. Faça um concurso e tudo ficará bem, tudo dará certo. Vai ganhar dinheiro suficiente para viajar quantas vezes quiser, ter uma família bonita, um carro que também tenha quatro rodas, celulares, chicletes, um labrador e canais por assinatura.

Se conselho fosse bom... Você realmente ouviria. Na verdade são umas merdas. As vezes é melhor que você se vire sozinho. Não peça conselhos, a não ser que você tenha estômago para isso. Ou um bom conselheiro. Com a família não da certo, já to sabendo.

Profissão não se escolhe. Ela vai surgindo e você vai indo. Se não surgir, ótimo (para os seres geniais). Se ela demorar, que se foda. Tenha paciência e explore mais um pouco as pessoas que te dizem que te gostam, afinal é pra isso que estamos aqui.

Com os meus 19 anos nas costas, que começaram a pesar agora pouco, minhas perspectivas não são nada ambiciosas. Não consigo pensar daqui a 10 anos. Isso é injusto comigo mesmo. Espero que meus próximos anos sejam tranqüilos, ninguém me cobrando demais, geladeira com cerveja, estudos tranqüilos, ninguém chato por perto e hobbys sempre em dia. Nada de guitarra parada.

Talvez eu aprenda a conservar algumas amizades, mas não sou muito otimista quanto a isso. Talvez umas 3 ou 4.

Eu precisava de um desabafo foda. Chapei de trabalhar na retífica, chapei da mecânica e de muita gente. Minha mãe não me interessa mais, meu pai e meu irmão também não. Mesmo se eu continuar nessa cidade vou me mudar. A idéia era ir pra longe, no mínimo 10 mil quilômetros. Mas fui me contentando com a idéia dos 120. Agora ja estou me contentando com a idéia dos 5. Só não quero me contentar com a idéia dos 2 metros de distância de algo que está se tornando uma tortura no próprio inferno. Ja estar no inferno não basta, existem fases que você é torturado regularmente e não há escapatória simples ou ao seu alcance.

É o preço que se paga por gostar de certos escritores e seu livros. Músicos e seus estilos. Pessoas e suas idéias.

Não raramente penso em me tornar um babaca. Um bostão, filho de papai que limpa a bunda com folha dupla e sai por ai pegando as filhinhas dos papais que têm portas como esposas. É, eu poderia tranqüilamente ser um desses caras. É muito tranqüilo ser um cara assim. Usam aqueles apetrechos de cavalos sem saber.

É, na verdade são como cavalos de corrida. E eu me arrependo por não ter nascido um. Tem o melhor tratamento possível desde que nasceram, comidas, bajulações, as melhores fodas, fama e só fazem isso.
Foda-se a cabeça cheia de cocô, ou o cocô que eles comem. Eles nem sabem do que se trata e são felizes.

Já você não. Você procurou saber do que se tratava, aprendeu, ainda quer aprender, tem essa porra dessa sede de conhecimento.

Eles nem sabem do que se trata e são felizes. Você quer saber do que se trata e é infeliz.

Estou cheio de dúvidas e com pouco dinheiro para responde-las. E digamos que os meus conselheiros não estão nem aí pro que eu penso. Tá, até se preocupam um pouco, mas já faz 19 anos que eles estão preparando esses conselhos, e agora, na hora de da-los, estão percebendo que não tem nada a ver com o pedaço de sonho que criaram nesses 19 anos.

 E minhas dúvidas persistem, e eu escrevo, Dylan fala, vontades correm, você não me abraça nessa noite do caralho, e o amanhã está ai e o medo aqui.


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