sábado, 19 de fevereiro de 2011

Aniversário.

Sapatos. Quando eu tinha os meus treze anos. É, mais ou menos por ai, eu nunca me imaginei usando sapatos. Sapatos eram coisas de velhos sem graça e sem energia. Eu jogava basquete, não bebia, não fumava e ainda não tinha comido ninguém. Eu demorei pra perder a minha virgindade. E perdi de um jeito horrível haha.Talvez seja por isso que hoje eu procuro a metida perfeita haha.

Ontem eu completei 19 anos. Eu deveria ter escrito algo ontem, mas ontem eu não bebi nada. E ainda por cima arranjei um emprego. Melhor deixar pra hoje. Umas cervejas na cabeça fazem as letras deslizarem como gelo num machucado. Doer, dói. É claro. Mas as vezes é a única coisa que cura.

Comecei falando dos meus treze né. Eu era um garoto prodígio. Modéstia parte, eu tinha tudo para ganhar uns 20 mil mangos por mês e comer quem eu quisesse. Eu era o centro das atenções, sabia disso, e gostava disso.

Hoje, dia 19 de fevereiro, meu aniversário foi ontem, foi como um dia qualquer, uma merda mesmo. Arranjei um emprego. Vai me fazer bem. Ou não né. Vou trabalhar com peões, o que me faz um peão. Vou ganhar uma grana, comprar um tênis legal, fazer uma tatuagem, pagar uns sorvetes pra uma garota do meu gosto. Enfim, finalmente, finalmente vou ser mais uma mula no rebanho.Porra quando eu tinha os meu 16 eu lutei tanto contra isso. E agora que eu estou na merda dos meu 19, estou tão feliz por isso. Sabe, antes de chamar qualquer criatura -os evangélicos prefeririam criação- de hipócrita, pense umas 5 vezes. Quem sabe 5 vezes sejam  suficientes, para você se ligar que, a santa hipocrisia faz parte, da vida de qualquer indivíduo de merda.

Hahahahah Antártica sub zero me faz peidar e The Doors me faz viajar.

Que situação hoje. Quando eu tinha meu 13 eu adorava ser o centro as atenções. Eu fazia isso muito bem. É verdade. Eu era capaz de ser conhecido na cidade. E eu de fato era. E hoje, em plena festa de aniversário dos 19, me da náuseas. Não me sinto bem com tanta gente reparando em coisas do tipo: "puxa vida, ele cresceu, vamos ver se ele não vai fazer nenhuma besteira a mais né? Agora ele pode ir pra cadeia"


Quando eu vejo nos olhos das pessoas pensamentos como esses (ainda mais nos olhos de parentes que são muito fáceis de analisar), eu penso em um boquete. É gostoso, você não faz nada, só fica ali parado. Vendo as outras pessoas se foderem pra pensarem coisas cada vez mais coisas absurdas a seu respeito. Nessas horas, relaxe e curta o fluir da, do da do da do da do...

Mais uma cerveja desce e, já não posso fazer nada. Eu realmente gosto das coisas que me fazem reais. Tipo um cigarro, um litro de brahma, ou uma conversa com o André. Apesar de me fazerem viajar, eu me sinto com os pés no chão. Tipo: Eu sou o José Gabriel, sou assim, quero ser assim, mas ainda estou assim. São grandes passos. Inúteis passos. Mas e ai, quero ser assim, cara. Sou assim, cara. Tento ser um cara legal ,cara. Chego em casa e me sinto um idiota, cara.

As vezes, quem você é, tem muito a ver com quem você encontra. Ou convive. No meu caso é com quem eu me encontro. Parcialmente. Eu geralmente tento ser um camaleão. Sinceras desculpas. Eu acho isso um insullto.  Foda-se, desculpem-me. Mas um camaleão tem a habilidade de adaptar-se.

Eu escrevia poemas, que pra mim, eram um lance de pensamentos, tipo:

E a minha mãe hein,
que me fez escutar música ruim
o meu aniversário inteiro e
aproveitou mais do que eu,
ainda bem que ela não sabe que
a minha hora
de
realmente
aproveitar
é
de
ma
dru
ga
da.

Os meu poemas são merdas desse jeito.
Já estou com 19 anos. Sou forte. Queria ser um esportista, ou um guitarrista viciado em cocaína, capaz de sustentar o vício - ser um guitarrista viciado em cocaína é muito fácil hein - e vamos ver o que rola pra frente.

Vou continuar escrevendo. Poemas ou sei la o que. As letras vão continuar ai. Meus parentes vem me visitar em todos os aniversários. Quero evitar isso. Assim como quero evitar a lida de bons escritores por pessoas erradas. Existem um lance de merecimento ao meu ver. Já são 01:54 do horário novo. Quem sabe eu termine isso amanhã.

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