quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cocaína

Eu tento esconder. e as vezes
consigo. Quando eu não consigo o desespero
e a vergonha vêm à cavalo.
Mas como eu não vou esconder esses pensamentos estranhos?
desagradáveis e acima de tudo
chatos,
que assaltam a minha cabeça roubando
tudo o que eu tinha de bom
tudo o que eu quero mostrar (aí é que mora o perigo)
e também as coisas que tornam as situações
agradáveis.

Na verdade na verdade
no fundo no fundo
eu sei que eu não posso esconder nada, todo mundo sabe.
afinal quem se esconde tem culpa no cartório.
mas quem sabe esconder-se bem.
Não. Nesse tipo de situação, não.
Nesses tantos tipos.

Esconder, na minha concepção,
tem um bom tanto de
proteger-se, poupar-se
e quem quer viver assim deveria ficar em casa
escrevendo.

Eu poderia até tentar outras maneiras
outras pessoas, outra família, outra escola,
outras músicas, outros livros, outra guitarra,
uísque, cocaína ou outro corte de cabelo.
Quem sabe é esse o caminho
mas não é bem aí que eu quero chegar
Acho que eu quero chegar naquele lugar que fica entre
esquerda e direita, razão e coração, ciência e religião.

Aonde seria realmente bom chegar?
Talvez àquela presença de espírito que é dom
de pessoas legais.
Tem faltado isso.


2 comentários:

  1. "Parece cocaína, mas é só tristeza"

    ótimo, garoto da província.

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  2. Ei meu amigo, tudo bem? Adorei o poema! Tem muito sentimento, tanto dentro de ti, quanto no que tu transcreveu. Pra quem começou agora, isso é ótimo; aos poucos, tu apenas vai percebendo cada vez mais a fundo o que tu sente, o que pensa, e deseja, e conseguir mais e mais tocar quem lê.
    Ótimo começo! Boa sorte pra ti, guri e vamos em frente!
    Beijos

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