Triste.
Um velho cão triste e desalmado.
Com calos de rejeição,
diga-se de passagem que é uma rejeição provocada.
Ranzinza e gozador.
Introspectivo.
Na época de júbilo dos povos,
o único júbilo é a mulher,
a bebida e os cigarros.
Os escritores e os músicos também.
Mas isso é comum a vida toda.
E como é que a minha vida não é jubilosa?
Estou começando a desconfiar que eu sou uma ilha.
Ser uma ilha, em si não é uma coisa ruim,
mas o que cerca essa ilha pode ser.
No meu caso, merda.
Antes que aqueles leitores ávidos pela
bondade e tranquilidade de
espírito,
quase uma compaixão por mim,
venham me perguntar se a merda que me cerca
são eles, eu lhes explico.
À merda com tudo isso.
A merda é a merda,
vocês sabem do que eu to falando.
É o que vocês tanto falam,
o sêmen verbal que vem sendo cultivado com
péssima masturbação e
ejaculado em ouvidos atentos e
receptivos
para excrementos.
Relações sem porquê nem pra quê.
A merda que cerca essa ilha que vos fala,
e que está avançando cada vez mais para dentro da terra
é o arroto dado e escondido,
ou o arroto forçado.
Tudo a mesma merda.
A merda abundante também são os pais que
limitam os filhos sem pensar em
ensinar.
Limitam para que eles mesmo não percam as estribeiras
lidando com situações novas.
O pior tipo de merda é este,
que está bem na beira.
Te transformando em velho, preguiçoso, rabugento
e sem graça.
A merda é esta ilha também,
que não quer se entregar que é merda
por não saber o que fazer quando a outra merda avança.
Então, nessa época jubilosa
ficarei por aqui,
enquanto a maioria goza do gozo infértil,
gozarei do mesmo gozo que sempre procurei.
Se isso não acabar me afogando...
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